sexta-feira, setembro 14, 2012

 
Maria de Fátima Santos
 
ou eles, por razões que não trago a este texto, nem terão tido mais escolha do que Séneca
 
Salgari, Hemingway, Camilo e Antero são apenas exemplos de escritores, de entre muitos criativos, que escolheram partir deste mundo em dia aprazado.
 
Como Mishima e Virgínia Woolf, usaram modos solitários ou tornaram o momento da sua ida para o Além um evento público.
 
E nem todos deixaram registos tão directos como Cesare Pavese no seu diário:
 "Os suicidas são homicidas tímidos" 
ou no bilhete que deixou e terá sido seu  testemunho:
 "Não mais palavras. Um acto. Não voltarei a escrever. "
 
Mas numa frase, num poema, cada um denotará a sua pulsão no confronto com a morte, como Florbela Espanca no poema A UM MORIBUNDO
Não tenhas medo, não! Tranqüilamente, Como adormece a noite pelo Outono, Fecha os teus olhos, simples, docemente, Como, à tarde, uma pomba que tem sono... A cabeça reclina levemente E os braços deixa-os ir ao abandono, Como tombam, arfando, ao sol poente, As asas de uma pomba que tem sono... O que há depois? Depois?... O azul dos céus? Um outro mundo? O eterno nada? Deus? Um abismo? Um castigo? Uma guarida? Que importa? Que te importa, ó moribundo? - Seja o que for, será melhor que o mundo! Tudo será melhor do que esta vida!...
 ou Mário de Sá Carneiro no poema FIM
 
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
 
 
 
 
aqui deixo registo a dizer assim do meu espanto
e nisso a minha vénia e o meu pranto
 
 
 
* "O suicidio é o sublime valor dos vencidos" - Maupassant que tendo tentado suicidio, morreu num acidentede carro adaptação do texto publicado no blog repensando